Quando os exploradores-documentaristas Fernanda Lupo e Márcio Bortolusso apresentaram o seu improvável objetivo há pouco mais de um ano poucos acreditaram que seriam capazes de realizar algo tão grandioso e arriscado.
Mega desafio nunca antes ousado por qualquer aventureiro, durante doze meses e mais de vinte mil quilômetros, da Amazônia ao sul do Brasil, o extraordinário projeto 6 Hard Xpeditions foi uma jornada científica-exploratória verdadeiramente extremista e com formato inovador no cenário mundial. Parte de um desafio ainda maior que será realizado de 2020 até 2021 e na contramão do “mercado Outdoor” ao evitar clichês midiáticos destinados ao grande público - como os já massificados Everest, Sete Cumes, mergulho com tubarões, etc. -, segundo importantes jornalistas, publicitários e atletas, foi uma das maiores e mais extremas expedições multiesportivas já realizadas.
Normalmente expedições não são realizadas em sequência. Ao retornarem de uma grande empreitada aventureiros necessitam de meses ou até anos até partirem novamente, devido à inúmeros trâmites logísticos (treinos, pesquisas, autorizações, etc.) e pelo elevado risco, custo e desgaste físico e psicológico. Além disso, geralmente cada explorador possui uma única especialidade, como um escalador que se concentra apenas em técnicas de Montanhismo ou um remador que se limita à alguma modalidade em mar ou corredeiras.
De modo impressionante, além deste casal possuir um raro expertise multiesportista, com amplo conhecimento em várias atividades bastante complexas - Mergulho em Cavernas, Canoagem Oceânica, Escalada de Grandes Paredes, Ultramaratona, Canionismo, Stand Up Paddle, etc. -, após seis anos de minuciosos preparativos e árduo treinamento Fernanda e Márcio executaram com sucesso seis expedições extremas e pioneiras praticamente em sequência. Detalhe, dispensaram equipes de apoio e carregadores, adotaram rotas consideradas impossíveis, durante os desafios utilizaram apenas tração humana e não realizaram intervalos, boicotaram guias e animais de carga, encararam situações perigosas constantemente, entre outras ousadas escolhas minimalistas.
Com inigualável energia, coragem e capacidade técnica, a dupla viveu incontáveis experiências de sofrimento e prazer, confinados por semanas em alguns dos terrenos mais perigosos do Montanhismo nacional ou em complexas navegações cruzando zonas temidas até pelas Forças Armadas, pendurados em penhascos por muitos dias em árduos turnos de até 24 horas ininterruptas, torcendo para não serem atingidos por enormes blocos que despencavam, arrastando até 170 quilos de carga, correndo centenas de quilômetros com 15 quilos nas costas, sendo arremessados contra paredes afiadas durante refluxos em cavernas subaquáticas, remando contra fortes ventos e correntes, chafurdando em águas barrentas infestadas de cobras e jacarés e pernoitando em áreas com a maior concentração de onças do país, castigados com grandes
hematomas e severas lesões, suportando sensações térmicas de -10 à até +45 ºC, passando sede ou sorvendo água de poças insalubres, com direito à sustos com perigosos búfalos ou sorrateiros jacarés, caçadores e pistoleiros noturnos.
E o que é ainda mais inacreditável, como é comum em suas explorações, enquanto lutavam contra a extrema fadiga e para se manterem vivos, com apoio de entidades como SOS Mata Atlântica e Sociedade Brasileira de Espeleologia ainda desenvolveram valorosas pesquisas e ações ambientais com descobertas inéditas, como inéditos inventários de espécies, cavernas e nascentes e análises químicas da qualidade da água de córregos, rios e mares de paradisíacas áreas ameaçadas.
Texto escrito por Marcio Botolusso na série 6 Hard Xpeditions tendo cedido o direito de publicação e divulgação para a Pervaleo
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