Há alguns anos sonhava em andar de parapente. Quando era criança, em Niterói, costumava olhar o céu do topo da montanha do Parque da Cidade e via muitas pipas coloridas de parapente voando alto no céu.
Com essa lembrança, decidi ir a Búzios, para trabalhar em uma produção audiovisual da Pervaleo. O filme foi sobre aventura na cidade e meu patrocinador teve uma idéia que mudaria totalmente a minha percepção sobre altura e vôo livre. Eu iria voar de parapente e provar às pessoas que isso era inspirador.
Fiquei surpresa com a idéia, já que sempre foi um grande sonho meu , mas ao mesmo tempo estava congelada de medo. Passei uma semana pensando em coisas terríveis que poderiam acontecer, e até escrevi uma carta explicando todas as coisas que estavam acontecendo em Pervaleo apenas no caso de eu ter um acidente sério.
O grande dia chegou e com ele um turbilhão de emoções, lembro de me sentir excitada, feliz, mas também paralisada de medo. Era um belo dia de sol, mas o vento não estava bom, então tive que esperar no topo da montanha por horas. Durante o tempo que passei lá, pude perceber quão especial é essa atividade.
Nós chegamos lá depois de caminhar, isso nos deu a oportunidade de sentir a vibração local. Como você imagina era um dia ventoso, mas nem tanto assim, ao menos até aquele momento. De fato, tínhamos a expectativa de um aumento na velocidade do vento. Conversamos com os instrutores que nos apresentaram flores e frutos e depois de tirar fotos dos pássaros, chegamos lá.
Havia uma grama baixa onde muitas pessoas estavam sentadas conversando e outras preparavam o equipamento. Naquele dia tinham muitos estudantes treinando o voo livre. Um deles teve problemas quando começou a decolar e sua pipa ficou presa no meio dos arbustos. Depois de três horas lá um amigo meu também teve dificuldades em decolar (para mim a pior parte).
A montanha não era muito alta, então precisávamos de vento para nos mantermos no céu. O tempo médio que as pessoas passaram voando naquele dia foi algo como 14 minutos. Comecei a sentir impaciência quando de repente um cara apontou para o mar e disse uau, será um ótimo dia. Depois de quatro horas esperando, o vento ganhou velocidade e eu fui uma entre os últimos a voar. As condições de vento eram perfeitas nós ficamos 50 minutos no céu, a decolagem foi do jeito que eles chamavam de elevador (não foi necessário correr para frente, subimos direto), nós fomos perto de uma caverna acima do mar, sobrevoamos uma vila local e duas praias até o momento em que voltamos a tocar nossos pés no chão.
A sensação era a de um pássaro voando no céu azul. A experiência foi maravilhosa e calma. Isso me deu uma sensação de paz e gratidão. Sem dúvidas deixou um gostinho de quero mais!