PRVL Photographer
Tadeu Fidalgo
Pico das Agulhas Negras
Sunday, September 17, 2017
DIAS DE LIBERDADE 001
Dois mil setecentos e noventa metros. Estado do Rio de Janeiro. Ponto culminante. Ponto de pico de temperaturas negativas. Ponto de pico de agulhas. O preto, o branco, e seus tons. Essa sequência de fotos mostra mais uma expedição ao sexto maior pico de montanha do Brasil, junto de oito amigos. Entre os montanhistas éramos fotógrafos, sociólogos e biólogos.
Luca, João e o livro / Pico das agulhas negras - @thelabradorwolf
Para muitos do grupo, esta era a primeira vez de subida ao pico. Em diferentes cenários, diferentes desafios. A subida até a base da montanha pode ser cansativa, e o ritmo do grupo ainda é bastante divergente, como uma dança dessincronizada. Voltamos, então, ao começo da expedição – dois carros saem da cidade do Rio e seguem à Itamonte, em Minas Gerais.
Acordar durante a madruga faz parte do processo. Pegamos a estrada bem cedo e seguimos viagem. A visão é absolutamente linda. Diversas árvores, campos, colinas e montanhas pelo caminho, além de cidades marginais às ruas, todas com suas características peculiares. Em algumas horas chegamos ao Parque Nacional de Itatiaia. Deve-se eleger um representante do grupo e um guia para adentrar a área de camping: no nosso caso, a estudante Rafaela e o guia Reginaldo. Uma caminhada de 45 minutos (pra quem não possui um 4x4) antecede o posicionamento das barracas, debaixo do sol forte presente no parque.
Cachoeira das Flores – @thelabradorwolf
Neste dia não fizemos muito. Fomos à uma linda cachoeira, em grupo, e nos limitamos a aproveitá-la da melhor maneira possível, descansando.
Deitamo-nos nas pedras, aproveitando o ar fresco e a água fria. As formações rochosas tem origem vulcânica, e o parque está situado em um complexo de rochas alcalinas, característica bastante incomum quando comparado a outros parques no país. Em Itatiaia também nascem inúmeros rios integrantes das bacias hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e do Rio Grande. As águas são cristalinas, e formam piscinas naturais e cachoeiras.
Em relação ao clima, no inverno brasileiro, as temperaturas podem descer até -13.3°C durante a noite, sendo esta a segunda temperatura mais baixa já registrada no Brasil.
Provamos, com temperaturas que chegaram a -6°C, um pouco deste frio. Dormimos em três barracas, e, graças a uma boa preparação, conseguimos aguentar o clima durante a noite, acordando algumas vezes até o amanhecer.
Foto do abrigo Rebouças – Parque Nacional de Itatiaia | Christophe Lahure
Na manhã seguinte seguimos caminho em direção ao Pico das Agulhas Negras. Saindo do abrigo, demoramos um pouco mais de uma hora para chegar à base da montanha. Estávamos a princípio receosos, mas seguimos firmes em direção ao nosso objetivo.
“if you allow yourself the opportunity to be present throughout the entirety of the trek, you will witness beauty every step of the way, not just at the summit”
A subida ao pico não é nada porém cansativa, com obstáculos que exigem algum esforço mental. Contudo não se deixe enganar, é necessário um condicionamento físico bastante forte para chegar ao cume. Pessoas seguem ritmos completamente diferentes no trekking, e essa é uma experiência bastante interessante.
Vemos que algumas pessoas se mantém atrás no grupo, outras na frente, enquanto a grande maioria reveza entre os dois lados como tartarugas em suas correntes d’agua. É preciso prestar atenção não só no seu ritmo, mas adequá-lo ao ritmo alheio, e isso pode ser uma tarefa mais difícil do que parece. Conforme fomos subindo, tivemos lindas vistas do platô das prateleiras e também de todo o parque, imagens que dificilmente sairão das cabeças dos montanhistas. Conforme chegamos mais perto do pico, o caminho vai ficando mais interessante e discretamente mais difícil, e a vista infinitamente mais bela.
Kiki and the shelf– @thelabradorwolf
Por último, a última subida até o livro que é por muitas vezes o objetivo dos esportistas. Nosso grupo subiu a última leva de rochas com confiança, mesmo que por muitas vezes estivessem a princípio com medo ou nervosos. Arranhões e torções podem fazer parte da subida. Por vezes, nos duvidamos. As mochilas pesam mais, as pernas tremem e o coração, palpita. Tudo vale a pena, uma vez que se alcança o objetivo. Porém, o caminho normalmente parece ser tortuoso.
Redemption – @thelabradorwolf
Em geral, todos tiveram experiências gratificantes, e gostariam de subir outros picos de montanha pelo Brasil. Agradeço, pessoalmente, a companhia de todos os amigos que me acompanham nas expedições, e desejo outras aventuras, maiores e melhor aproveitadas, à todos. Agradeço, também, ao Parque Nacional de Itatiaia por manter esse complexo natural tão bem conservado, e por respeitá-lo.
Outras expedições serão feitas, e mais sessões expostas. Quadros exclusivos (1 de 1) das fotos tiradas nas viagens podem ser adquiridas no website www.helaframes.com, ou ao meu contacto de e-mail. Conquanto a participação nas expedições, sempre aceitamos a companhia de pessoas que se interessem em descobrir novos lugares. Pedimos apenas à todos que busquem novos desafios, que busquem também manter o equilíbrio natural com a natureza.